Na vizinha Colômbia, um confronto vem se alastrando há mais de um ano, envolvendo comunidades indígenas e forças militares empenhadas em operações contra o grupo narcoterrorista Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), no departamento (Estado) de Cauca, no Sudoeste do país. No início de julho, o conflito resultou em vários embates violentos, quando uma ensandecida massa de indígenas, camponeses e ativistas invadiu uma base militar e expulsou do local cerca de uma centena de militares que ali se encontravam. A crise tem a marca registrada dos pescadores de águas turvas que movimentam o aparato de ONGs indigenistas, ambientalistas e de “direitos humanos”, para favorecer a sua agenda intervencionista contrária ao desenvolvimento e a integração da América do Sul.
Um dos objetivos desse aparato internacional é a promoção da criação de enclaves ou territórios indígenas fora do arcabouço dos Estados nacionais, que, quase invariavelmente, envolve comunidades indígenas assentadas em territórios dotados de vastos recursos naturais ou regiões com posição geográfica singular, que vivem em condições de penúria e exasperadas por promessas nunca cumpridas de justiça social e avanços econômicos, acabando por constituir o caldo de cultura de que se nutre tal agenda intervencionista.
A todas as luzes, o aparato indigenista vem intensificando freneticamente as suas bem financiadas atividades no subcontinente, no afã de promover rebeliões indígenas descontroladas, como se vê em Cauca, departamento quase lindeiro ao Oceano Pacífico e área de saída para as planícies orientais e via central para os Andes.
A principal demanda dos indígenas, representados por organizações como o Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), é que tanto as Forças Armadas como as FARC abandonem o território, onde vivem cerca de 200 mil indígenas, um quarto da população indígena do país. Em seguida, propoem a realização de uma “consulta popular pela paz”, respaldada pela Constituição de 1991, a qual, refletindo a pressão do aparato indigenista internacional, estabelece que o Estado colombiano deve proteger a sua diversidade étnica e cultural – argumento suficiente para que os proponentes dos planos de “autonomia” indígena radicalizem as suas demandas.
Somente a indivíduos submetidos aos desígnios das ONGs internacionais ou coniventes com eles, pode passar pela cabeça a mera sugestão de colocar no mesmo plano de representatividade as Forças Armadas de um Estado nacional soberano e um bando criminoso como as FARC.
Rumo aos enclaves
O fato é que, queiram ou não os indígenas, as ONGs que atuam na região vêem na crise o início de um processo que pode culminar na criação de um território autônomo. Segundo um conselheiro da Associação dos Conselhos Indígenas do Norte do Cauca (ACIN), James Yatafué, “o principal objetivo desse processo de resistência indígena é consolidar um território autônomo, com governo próprio e implementar uma proposta de paz” (Página 12, 18/07/2012). A ACIN, fundada em 1994, é uma das maiores associações indígenas da região.
Ademais, é um fato ostensivo que a narcoguerrilha favorece a rebelião dos indígenas contra a presença militar na região, havendo denúncias consistentes de que as FARC têm infiltrado as comunidades locais, o que não constitui qualquer novidade para os colombianos. Por isso, a narcoguerrilha se nega a deixar a área. Em uma carta de seu líder Timoleón Jiménez, publicada no seu sítio (www.farc-ep.com), o grupo foi explícito: “Se o Exército, a Polícia e forças paramilitares saírem de Cauca, acabará a guerra contra indígenas, camponeses, mineiros e povos em geral, e assim não teremos problemas em sair também. O problema de vocês não pode ser examinado simplesmente à luz da presença do Exército ou da guerrilha nas reservas, porque, como diz [o presidente Juan Manuel] Santos, o Exército nunca vai sair de suas bases” (Terra Brasil, 25/07/2012).
A dinâmica de desestabilização que se instalou na região é de tal gravidade para a estratégia governamental de combate à narcoguerrilha e aos cartéis de drogas que, em meio à refrega em Cauca, o presidente Juan Manuel Santos visitou a região e foi categórico: “Tudo tem um limite. As Forças Públicas têm a ordem peremptória de não ceder um só centímetro em Cauca, nem em qualquer outra parte do território nacional.” Por isso, afirmou, a exigência indígena de retirada do Exército é “inaceitável” (Página 12, 28/07/2012).
Sem surpresa, uma cadeia de ONGs internacionais está empenhada em fomentar uma atmosfera favorável à aceitação da absurda demanda indígena. Além das já mencionadas CRIC e ACIN, também atuam em Cauca a Organização Nacional Indígena Colombiana (ONIC) e a suíça E-changer.
A primeira foi criada em 1982, com o apoio do CRIC, e recebe recursos financeiros e assistência técnica (ou, na peculiar linguagem das ONGS, “alianças institucionais”) da Fundação Ford (EUA), Canadian Catholic Organization for Development and Peace (Canadá), Human Right Everywhere (Colômbia), Christian Aid (Reino Unido – importante apoiadora do MST brasileiro), Lawyers Without Borders (EUA) e outras entidades “filantrópicas” promotoras dessa variante peculiar do “globalismo”.
A E-changer é uma ONG que funciona como um braço operacional do Departamento de Cooperação e Desenvolvimento do governo suíço, oficialmente, para promover a “cooperação solidária Norte-Sul”. Como informa o seu sítio, a organização “trabalha há 50 anos em parcerias de proximidade com organizações e comunidades locais na América Latina e na África”, com o objetivo de «fortalecer os movimentos sociais e suas redes buscando promover melhores condições sócio-econômicas de vida bem como o protagonismo da sociedade civil local». Além de apoio financeiro, a ONG envia voluntários para trabalhar com os chamados movimentos sociais, na Bolívia, Brasil, Colômbia, Nicarágua, Burkina Faso e Mali. No Brasil, tem apoiado ativamente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Movimento de Solidariedade Íbero-americana
Créditos ➞ este post é matéria apresentada no Boletim Eletrônico MSIa INFORMA, do MSIa – Movimento de Solidariedade Íbero-americana, Vol. IV, No 08, de 03 de agosto de 2012.
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