Na sexta-feira 20 de março, a presidente Dilma Rousseff estarreceu grande parte do País, ao visitar um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre (RS). O ato da presidente, em seguida às declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ameaçando convocar o “exército de Stédile” para defender o governo, e ao ataque de uma “brigada feminina” do MST a um laboratório de pesquisas de biotecnologia em São Paulo, constitui uma evidência da perigosa perda de realidade política que parece acometer o Palácio do Planalto.
A inclinação da cúpula do governo para enquadrar o descontentamento generalizado da sociedade como uma tentativa de desestabilização contra as conquistas sociais do governo petista já havia sido manifestada nas declarações do secretário geral da Presidência, Miguel Rossetto, na tíbia resposta oficial às enormes manifestações de 15 de março. Na visita ao assentamento Lanceiros Negros, a presidente ratificou tacitamente tal interpretação, ao passar a palavra ao líder do MST, João Pedro Stédile, que se encarregou de qualificar as manifestações como expressão da “classe média reacionária”, visão compartilhada pelo grupo palaciano que cerca a presidente. “Deixe o Rossetto cuidando do Palácio e venha para as ruas, onde vamos derrotar a direita e seu plano diabólico”, desafiou Stédile.
É lamentável que a desorientação da presidente Dilma – que se espera seja momentânea – não a deixe perceber que a busca do apoio de entidades como o MST, com uma agenda que também busca debilitar a autoridade do Estado, ajuda a alimentar uma perigosa perda de autoridade, em um momento crítico para o País, no qual a liderança presidencial se faz mais necessária.
Para complicar o cenário, estão em curso evidentes tentativas internas e externas para reviver no País a agenda política do chamado “Projeto Democracia”, iniciativa criada nos EUA, na década de 1980, que já foi bastante atuante no Brasil, tratando de cooptar adeptos locais para desconstruir o Estado brasileiro, suas empresas públicas e as próprias Forças Armadas. Hoje, além de promover a liquidação do que resta dos ativos das empresas públicas, especialmente a Petrobras e as áreas de exploração do pré-sal, a agenda contempla o rompimento do papel brasileiro no grupo BRICS, que vem criando alternativas financeiras ao declinante sistema do dólar.
Nesse contexto, a desorientação política da presidente se torna ainda mais perigosa para os interesses do País.
De fato, há duas realidades que convivem e se entrelaçam: por um lado, o descontentamento com o desgoverno e a perda de autoridade; do outro, interesses que poderão se aproveitar da fermentação causada pelos protestos em favor de uma agenda exógena, que neutralizaria o País, tanto em âmbito regional como no contexto estratégico global.
A saída dessa encruzilhada exige um estadismo renovado, com a sinalização de um novo projeto nacional para reconstruir o destino de grandeza do Brasil, apequenado desde a emergência da chamada “Nova Republica”, cujo esgotamento está à vista de todos.
Para isso, a presidente terá que reconhecer que, a despeito de ter vencido a eleição de 2014, o PT e seu projeto de poder foram derrotados pelas urnas. Ignorar esta realidade significa aprofundar a instabilidade institucional, contra a qual o “exército de Stédile” nada poderá fazer – até porque a sua intenção é lançar mais gasolina na fogueira. Assim, passar os “Lanceiros Negros” em revista acaba parecendo uma paródia de um patético ”bolivarianismo”, além de uma afronta às próprias Forças Armadas e à sociedade brasileira, que rejeita majoritariamente os métodos do MST.
Créditos:
O presente artigo foi publicado em MSIa INFORMA (edição de 23/03/2015) ➞ uma publicação da Capax Dei Editora Ltda.
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